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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Terceiro aniversário do único museu de geologia e paleontologia da Galiza

Representação da história geológica da Galiza no museu de Quiroga
  


Em 2 de dezembro de 2014 completa-se o terceiro ano sobre a abertura do museu de geologia e paleontologia de Quiroga, que era na altura –e continua a ser hoje– o único da Galiza no seu gênero. O centro foi criado por iniciativa da câmara municipal de Quiroga com o assessoramento científico do instituto geológico Isidro Parga Pondal, pertencente à Universidade da Corunha. 





 
Coleção de minerais do museu (Foto: Alberto López)

 Uma boa parte do museu está dedicada à divulgação do patrimonio geológico da Serra do Courel, que compreende uma das formações mais singulares da Península Ibérica –o sinclinal de Campodola-Leixazós–, numerosas cavernas cársticas e pegadas dos glaciares que existiram na zona durante a última Idade do Gelo. Nesta parte do museu exibe-se uma ampla coleção de minerais próprios da Serra do Courel, o vale de Quiroga e os territórios vizinhos.




Réplica de um esqueleto de Ursus spelaeus (Foto: Alberto López)
Outra seção, centrada na história paleontológica da região, alberga uma réplica em tamanho natural de um esqueleto de urso das cavernas (Ursus spelaeus) construída com ossos reais de diferentes exemplares fósseis. É a única reprodução completa de uma ossamenta desta espécie extinta que existe na Galiza e uma das muito poucas que é possível ver em todo o Estado espanhol.
   O museu conta igualmente com uma seção dedicada à história da evolução humana no noroeste ibérico e tem previsto exibir uma coleção de indústrias do Paleolítico Inferior que foram descobertas na zona em tempos recentes. Outra área do museu conta a longa história da atividade mineira da zona, onde em diversas épocas foram exploradas minas e pedreiras de ouro, ferro, antimônio e ardósia.

    O museu serve aliás de ponto de partida para visitar as paragens de maior interesse geológico da zona, como o sinclinal de Campodola –situado a nove quilómetros– e a lagoa glaciar da Lucenza.



segunda-feira, 17 de junho de 2013

O primeiro mamute descoberto na Galiza (1961)

Dente molar do mamute de Buxán (Foto: Xoán A. Soler - La Voz de Galicia)
Em 1961 foram descobertos em uma pedreira do concelho do Íncio (província de Lugo) os primeiros restos fósseis de mamute encontrados na Galiza. O achado produziu-se de um modo fortuíto no lugar de Buxán, durante as tarefas de extração de rocha calcária para uma fábrica de cimento da antiga empresa Cementos del Noroeste, hoje pertencente à multinacional portuguesa Cimpor. Os restos apareceram misturados com argila no interior de uma fenda rochosa. O chefe da pedreira, Ramón Pedreño, compreendeu que deviam pertencer a uma espécie extinta de grande porte e comunicou a descoberta ao geólogo Isidro Parga Pondal, accionista da empresa cimenteira. Ao examinar as peças, o cientista constatou que se tratava de um conjunto de dentes e fragmentos de osso de um mamute.

Mammuthus primigenius - Ilustração de Mauricio Antón
Os restos fósseis achados na pedreira de Buxán consistem em um molar inferior direito quase inteiro, de 19,5 centímetros de comprimento e 14 de largura, e um pedaço de molar inferior esquerdo, de 8 centímetros de comprimento e 18 de largura. No local também apareceram duas vértebras fragmentadas, um pedaço de osso longo e pequenos fragmentos ósseos não identificados. No estudo das peças participou o paleontólogo Emiliano Aguirre, quem anos mais tarde seria o primeiro diretor das escavações das célebres jazidas paleolíticas da Serra de Atapuerca. Os pesquisadores  concluíram que os restos pertenciam a um mamute lanoso (Mammuthus primigenius). Desde então não se descobriram mais vestígios desta espécie na Galiza. O fóssil de Buxán continua sendo o animal de maior tamanho, de qualquer época, encontrado no noroeste da Península Ibérica.

Woolly mammoth: Secrets from the Ice (Documentário da BBC - 2012)
 Os restos do mamute de Buxán conservam-se no Museu de História Natural Luis Iglesias, pertencente à Universidade de Santiago de Compostela. Desconhece-se a sua antiguidade exacta, pois até agora não se realizou com eles uma datação radiométrica. Cabe supor, porém, que datam de um dos períodos mais frios do Pleistoceno. Um estudo publicado pelos paleontólogos Diego Álvarez-Lao e Nuria García na revista Quaternary Science Reviews explica que a presença de espécies como o mamute lanoso, o rinoceronte lanoso e a rena na Península Ibérica não foi constante, mas que se regista apenas nos episódios de frio más intenso da Idade do Gelo. Durante esses períodos, os animais adaptados ao clima glacial veriam-se obrigados a migrar para o sul para sobreviverem, pois as camadas de gelo que então cobriam vastas regiões do centro e do norte de Europa não lhes permitiam encontrar pastagens. No sul do continente conviveram com espécies como o veado, a corça e o javali, mais próprias dos climas temperados.

El primer mamut descubierto en Galicia (1961)

Molar del mamut de Buxán (Foto: Xoán A. Soler - La Voz de Galicia)
En 1961 se descubrieron en una cantera del municipio de O Incio (provincia de Lugo) los primeros restos fósiles de mamut encontrados en Galicia. El hallazgo se produjo de manera fortuita en la localidad de Buxán, durante las tareas de extracción de piedra caliza para una fábrica de cemento de la antigua empresa Cementos del Noroeste, hoy perteneciente a la multinacional portuguesa Cimpor. Los restos aparecieron mezclados con arcilla en el interior de una grieta rocosa. El jefe de cantera Ramón Pedreño se dio cuenta de que debían de pertenecer a alguna especie extinguida de gran tamaño y comunicó el descubrimiento al geólogo Isidro Parga Pondal, accionista de la empresa cementera. Al examinar las piezas, el cientifico constató que se trataba de un conjunto de dientes y fragmentos de hueso de un mamut.

Mammuthus primigenius - Ilustración de Mauricio Antón
Los restos fósiles encontrados en la cantera de Buxán consisten en un molar inferior derecho casi entero de 19,5 centímetros de longitud y 14 de anchura, y un trozo de molar
inferior izquierdo, de 8 centímetros de largo y 18 de anchura. En el lugar también se hallaron dos vértebras fragmentadas, un pedazo de un hueso largo y pequeños trozos de hueso no identificados. En el estudio de estas piezas participó el paleontólogo Emiliano Aguirre, quien años más tarde sería el primer director de las excavaciones del célebre yacimiento paleolítico de Atapuerca. Los investigadores concluyeron que los restos pertenecían a un mamut lanudo (Mammuthus primigenius). Desde entonces no se han descubierto otros vestigios de esta especie en Galicia. El fósil de Buxán sigue siendo el animal de mayor tamaño, de cualquier época, encontrado en el noroeste de la Península Ibérica.

Woolly mammoth: Secrets from the Ice (Documental de la BBC - 2012)
 Los restos del mamut de Buxán se conservan en el Museo de Historia Natural Luis Iglesias, perteneciente a la Universidad de Santiago de Compostela. Su antigüedad exacta se desconoce, ya que hasta ahora no se ha realizado con ellos una datación radiométrica. Pero cabe suponer que data de uno de los periodos más fríos del Pleistoceno. Un estudio publicado por los paleontólogos Diego Álvarez-Lao y Nuria García en la revista Quaternary Science Reviews explica que la presencia de especies como el mamut lanudo, el rinoceronte lanudo y el reno en la Península Ibérica no fue constante, sino que se registra solo en los episodios de frío más intenso de la Edad de Hielo. En esos periodos, los animales adaptados al clima glacial se habrian visto obligados a migrar hacia el sur para sobrevivir, puesto que los mantos de hielo que cubrieron por entonces extensas regiones del centro y del norte de Europa les impedían encontrar pastos. En el sur del continente convivieron con especies como el ciervo, el corzo y el jabalí, más propias de los climas templados.


terça-feira, 4 de junho de 2013

Cova Eirós, a pegada mais profunda do homem de Neandertal na Galiza

Escavações na jazida de Cova Eirós (Foto: GEPN / IPHES)

No verão boreal de 2008 foi descoberto no sítio paleolítico de Cova Eirós (no concelho de Triacastela, perto do Caminho de Santiago) o rasto mais importante do homem de Neandertal conhecido até agora na Galiza. Não é esta a primeira jazida do Paleolítico Médio achada no noroeste da Península Ibérica. Anteriormente já foram descobertas algumas indústrias líticas desse período nos concelhos de Cortegada, Toén e Monforte de Lemos. Porém, Cova Eirós apresenta um interesse científico muito maior do que esses outros locais. É a única jazida neandertal galega situada em uma caverna cárstica e contém não só um grande número de artefatos de pedra de várias épocas, como também muitos fósseis de animais e outros restos orgânicos que podem fornecer abundantes informações sobre a tecnologia, os métodos de aprovisionamento e as mudanças climáticas e ambientais da pré-história remota. Também é o único sítio paleolítico do noroeste ibérico onde se conservam pegadas de ocupações dos neandertais e do Homo sapiens moderno, o qual permite comparar as estratégias de sobrevivência e os estilos de vida dessas duas espécies humanas em um mesmo território.

Recriação dos neandertais de Cova Eirós por Xurxo Constela
Em escavações sucessivas realizadas desde então na caverna —no quadro do projeto Ocupações humanas durante o Pleistoceno da bacia média do Minho, em que  colaboram pesquisadores das universidades de Santiago de Compostela e Tarragona— apareceram dois níveis arqueológicos correspondentes a duas épocas diferentes do  Paleolítico Médio, que foram datados com a técnica da termoluminescência do quartzo. Um desses níveis tem entre 84.000 e 87.000 anos. O outro nível, mais profundo, foi datado de 118.000 anos, o que o coloca entre os mais antigos assentamentos do homem de Neandertal registados no norte da península, embora seja muito mais recente do que o da caverna de Letzetxiki, no País Basco, cuja antiguidade remonta a cerca de 300.000 anos.

Ponta de quartzito de tipo Levallois (Foto: GEPN / IPHES)
Nestes dois níveis arqueológicos foram encontrados numerosos artefatos de tecnologia musteriense, a mais caraterística do homem de Neandertal. Um estudo sobre as indústrias do nível mais recente, publicado em 2011 na revista Trabajos de Prehistoria, identificou pontas de projétil utilizadas como armas de caça e diferentes tipos de ferramentas empregadas para despedaçar  animais, cortar e talhar madeira e preparar peles secas para a confecção de vestimentas. As ferramentas do nível mais antigo têm uma feição mais tosca e entre elas há um número muito menor de peças elaboradas com as técnicas Levallois e discoidal, as mais sofisticadas que desenvolveram os neandertais. Os materiais também são de qualidade inferior, com menos presença de quartzitos de granulação fina e abundância de peças grossas de quartzo. Segundo os arqueólogos, isso pode indicar um nível tecnológico menos desenvolvido, mas também pode ser devido a que os grupos que fabricaram tais ferramentas ocuparam a caverna durante períodos mais curtos, gastando menos tempo em procurar materiais de boa qualidade e em fabricar utensílios líticos. Os ocupantes do nível mais recente, pelo contrário, teriam morado no abrigo por longos períodos, seguindo uma estratégia de sobrevivência em longo prazo e dedicando mais tempo à busca de matérias-primas e ao fabrico de utensílios.

Lasca de quartzo de Cova Eirós (Foto: Alberto López - La Voz de Galicia)
Um traço que diferencia as indústrias de Cova Eirós de outros assentamentos neandertais da vizinha Cordilheira Cantábrica é o uso freqüente de quartzo para produzir ferramentas líticas. Nos depósitos da área cantábrica é muito menos comum encontrar peças feitas com essa matéria-prima, mais difícil de talhar do que o sílex e o quartzito, pois o quartzo quebra-se de um modo mais irregular. O uso deste material indica uma adaptação às condições ambientais da região, onde abunda o quartzo, enquanto o sílex não é encontrado de forma natural. Essa particularidade técnica também tem sido observada em certos assentamentos neandertais da região francesa de Midi-Pirineus, onde escasseia o sílex e onde o quartzo foi frequentemente utilizado no fabrico de ferramentas de pedra.
  Nos níveis arqueológicos do Paleolítico Médio de Cova Eirós, juntamente com uma grande quantidade de ossos de animais de várias espécies, apareceram restos carbonizados de materiais vegetais. Os arqueólogos tentam atualmente averiguar se esses resíduos orgânicos são vestígios de fogueiras.

Pingente gravetiano de Cova Eirós (Foto: GEPN / IPHES)
Em Cova Eirós descobriram-se também importantes vestígios de ocupações do Paleolítico Superior. Entre eles figuram as primeiras mostras de indústrias da cultura aurignaciana registadas na Galiza. Nas escavações realizadas em 2009 apareceu o objeto de adorno mais antigo conhecido até hoje no noroeste ibérico. Trata-se de um colmilho de um carnívoro de pequeno porte —provavelmente uma raposa-vermelha— talhado e perfurado para servir como pingente. As datações com carbono-14 atribuíram uma antiguidade de 26.000 anos a esta peça, enquadrada na cultura gravetiana,  assim como outros artefatos descobertos no mesmo nível. Estas são também as primeiras indústrias desse período cultural encontradas na Galiza. A cultura gravetense desenvolveu-se durante uma das fases mais frias da última glaciação. A caverna fica a uma altura de 780 metros acima do nível do mar, perto do límite das geleiras que cobriam nessa época as zonas mais altas das serras orientais galegas. O achado indica que, mesmo nesse periodo de frio extremo, a região ofereceu umas condições ambientais suportáveis para os grupos humanos. Até aí, a ausência de jazidas dessa época fizera supor que o território galego ficara na altura totalmente desabitado.

Uma das pinturas rupestres achadas na galeria interior (Foto: GEPN / IPHES)
Em agosto de 2012, aliás, foi dado a conhecer o achado em Cova Eirós das primeiras mostras de arte parietal paleolítico descobertas na Galiza, um conjunto de pinturas e gravuras localizado em uma galeria interior da caverna. Segundo as estimações dos pesquisadores, algumas dessas manifestações artísticas poderiam situar-se entre os períodos Gravetense e Solutrense —com uma antiguidade aproximada de entre 25.000 e 20.000 anos—, enquanto as outras datariam do período Magdaleniano e poderiam ter entre 15.000 e 10.000 anos.

Escavações na galeria exterior (Foto: Alberto López - La Voz de Galicia)
 Em conjunto, a jazida de Cova Eirós contem a sequência mais completa de assentamentos paleolíticos de diferentes épocas  documentada até agora no noroeste da penísula. Os arqueólogos supõem que a caverna pode conservar também testemunhos de épocas anteriores ao homem de Neandertal. Uma sondagem com georradar indicou que os sedimentos que conformam o solo da cavidade têm uma profundidade de cerca de três metros. As escavaçoes só atingiram até à data uma profundidade de metro e meio e não se sabe ainda o que pode haver nos níveis mais profundos do subsolo. Na atualidade está em processo de produção o primeiro documentário sobre os achados arqueológicos realizados nesta caverna.

domingo, 2 de junho de 2013

Cova Eirós, el rastro más profundo del hombre de Neandertal en Galicia

Excavaciones en el yacimiento de Cova Eirós (Foto: GEPN / IPHES)
En el verano boreal de 2008 fue descubierto en el yacimiento paleolítico de Cova Eirós (en el municipio de Triacastela, cerca del Camino de Santiago) el rastro más importante del hombre de Neandertal conocido hasta ahora en Galicia. No es el primer yacimiento del Paleolítico Medio encontrado en el noroeste de la Península Ibérica. Con anterioridad ya se habían localizado algunas industrias líticas de ese periodo en los municipios de Cortegada, Toén y Monforte de Lemos. Pero Cova Eirós ofrece un interés científico mucho mayor que el de estos otros lugares. Es el único yacimiento neandertal gallego situado en una cueva cárstica y contiene no solo un gran número de artefactos líticos de diversas épocas, sino también muchos fósiles de animales y otros vestigios orgánicos, con lo que puede proporcionar abundantes informaciones sobre la evolución tecnológica, los tipos de alimentación y los cambios climáticos y ambientales de la prehistoria remota. Es además el único yacimiento paleolítico del noroeste ibérico que conserva a la vez huellas de las ocupaciones del hombre de Neandertal y del Homo sapiens moderno, lo que permite comparar las estrategias de supervivencia y los modos de vida de estas dos especies humanas en un mismo territorio.

Recreación de los neandertales de Cova Eirós por Xurxo Constela
En las sucesivas excavaciones realizadas desde entonces en la gruta —dentro del proyecto Ocupaciones humanas durante el Pleistoceno de la cuenca media del Miño, en el que colaboran investigadores de las universidades de Santiago de Compostela y Tarragona— se han podido datar dos niveles arqueológicos correspondientes a distintas épocas del Paleolítico Medio utilizando la técnica de la termoluminiscencia del cuarzo. Uno de ellos tiene entre 84.000 y 87.000 años. El otro nivel, más profundo, fue datado en 118.000 años, lo que lo sitúa entre los poblamientos neandertales más antiguos registrados en el norte de la península, aun siendo mucho más reciente que el de la cueva de Letzetxiki, en el País Vasco, cuya antigüedad se remonta a unos 300.000 años.

Punta de cuarcita de tipo Levallois (Foto: GEPN / IPHES)
En estos dos niveles arqueológicos se hallaron numerosos artefactos de tecnología musteriense, característica del hombre de Neandertal. Un estudio sobre las industrias del más reciente de estos niveles, publicado en 2011 en la revista Trabajos de Prehistoria, identificó puntas de proyectil usadas como armas de caza y diversas clases de herramientas utilizadas para despiezar animales, cortar y tallar madera y preparar pieles secas para confeccionar vestimentas. 
Las herramientas del nivel más antiguo presentan una factura más tosca y entre ellas hay un número mucho más reducido de piezas fabricadas con las técnicas Levallois y discoidal, las más sofisticadas que produjo el hombre de Neandertal. Los materiales también son de peor calidad, con una menor presencia de cuarcitas de grano fino y más abundancia de piezas gruesas de cuarzo. Según los arqueólogos, esto puede indicar un nivel tecnológico menos desarrollado, pero también podría deberse a que los grupos que fabricaron tales herramientas ocuparon la cueva durante periodos más breves, invirtiendo menos tiempo en buscar materiales de buena calidad y en tallar los útiles líticos. Los pobladores del nivel más reciente, en cambio, habrían vivido en este refugio durante periodos más prolongados, siguiendo una estrategia de supervivencia más planificada y a largo plazo y dedicando más tiempo a la búsqueda de materias primas y a la fabricación de utensilios.

Lasca de cuarzo de Cova Eirós (Foto: Alberto López - La Voz de Galicia)
Un rasgo que diferencia estas industrias de las de otros asentamientos neandertales de la vecina Cordillera Cantábrica es el uso frecuente del cuarzo para elaborar herramientas liticas. En los yacimientos cantábricos es mucho menos habitual hallar piezas fabricadas con esta materia prima, más difícil de tallar que el sílex o la cuarcita, ya que se rompe de una forma más irregular. El uso de este material  indica una adaptación a las condiciones ambientales de la zona, donde el cuarzo abunda, mientras que no se encuentra el sílex de forma natural. Esta peculiaridad técnica también se ha observado en los yacimientos neandertales de Quercy, en el sur de Francia, donde escasea igualmente el sílex y se utilizó a menudo el cuarzo en la fabricación de útiles líticos.
    En los niveles arqueológicos del Paleolítico Medio de Cova Eirós, junto con una gran cantidad de huesos de animales de diversas especies, se han encontrado restos de materias vegetales carbonizadas. Los arqueólogos intentan averiguar actualmente si se trata de rastros de hogueras.

Colgante gravetiense de Cova Eirós (Foto: GEPN / IPHES)
En Cova Eirós se han descubierto también importantes rastros de ocupaciones del Paleolítico Superior. Entre ellos figuran las primeras muestras de industrias de la cultura auriñaciense registradas en Galicia. En las excavaciones de 2009 se encontró el objeto de adorno más antiguo conocido hasta ahora en el noroeste ibérico. Se trata de un colmillo de carnívoro de pequeño tamaño —posiblemente un zorro— tallado y perforado para servir como colgante. Las dataciones por carbono-14 han asignado una antigüedad de 26.000 años a esta pieza, encuadrada en la cultura gravetiense,  al igual que otros artefactos descubiertos en el mismo nivel. Estas son también las primeras industrias de esa etapa cultural halladas en Galicia. La cultura gravetiense se desarrolló durante una de las fases más frías de la última glaciación y la cueva se encuentra a a 780 metros de altura sobre el nivel del mar, cerca del límite de los glaciares que cubrieron en esa época las zonas más altas de las montañas orientales gallegas. El hallazgo sugiere que incluso en ese periodo de frío extremo la región ofreció unas condiciones ambientales soportables para los grupos humanos. La ausencia de yacimientos de esa etapa había hecho suponer a algunos investigadores que el territorio gallego pudo haber quedado por entonces totalmente deshabitado.

Una de las pinturas descubiertas en la galería interior (Foto: GEPN / IPHES)
En agosto de 2012, por otra parte, se dio a conocer el hallazgo en Cova Eirós de las primeras muestras de arte parietal paleolítico descubiertas en Galicia, un conjunto de pinturas y grabados situados en una galería interior de la cueva. Según las estimaciones de los investigadores, algunas de estas manifestaciones artísticas podrían situarse entre los periodos Gravetiense y Solutrense, —con una antigüedad aproximada de entre 25.000 y 20.000 años—, mientras que otras datarían del periodo Magdaleniense y podrían tener entre 15.000 y 10.000 años.

Excavación en la galería exterior (Foto: Alberto López - La Voz de Galicia)
 En conjunto, el yacimiento de Cova Eirós contiene la secuencia más completa de poblamientos paleolíticos de diferentes épocas que se ha podido documentar hasta el momento en el noroeste de la penísula. Los investigadores creen que la gruta puede encerrar también testimonios de épocas anteriores al hombre de Neandertal. Un sondeo con georradar indicó que los sedimentos que forman el suelo de la cavidad tienen una profundidad de cerca de tres metros. Por ahora solo se ha excavado en torno a metro y medio y no se sabe lo que puede haber en los niveles más profundos del subsuelo. En la actualidad está en proceso de producción el primer documental sobre los hallazgos arqueológicos realizados en este yacimiento.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Galaicodytes caurelensis, un testigo de la deriva continental en la Sierra del Courel (Galicia)

Galaicodytes caurelensis

En 1997, el biólogo José María Salgado, catedrático de la Universidad de León, descubrió un insecto de una especie desconocida en la Cova do Eixe, una gruta kárstica de la Sierra del Courel. La nueva especie fue estudiada y clasificada en colaboración con Vicente Ortuño, catedrático de la Universidad Autónoma de Madrid y especialista en carábidos. El hallazgo fue dado a conocer en 2000 en un trabajo publicado por el European Journal of Entomology. La especie, denominada Galaicodytes caurelensis por sus descubridores, constituye también un nuevo género zoológico.
El Galaicodytes caurelensis es un coleóptero de entre 4,5 y 4,7 milímetros de longitud, desprovisto de ojos y de alas, que se orienta con las antenas y vive la mayor parte del tiempo en las grietas de las rocas. Como la mayoría de los cárabidos, es un predador que se alimenta de insectos vivos.

Poco tiempo antes, el entomólogo alemán Thorsten Assmann había descubierto en la vecina Sierra de Ancares una especie de coleóptero que denominó Galiciotyphlotes weberi, cuya descripción coincide con la del Galaicodytes caurelensis. Se cree que las dos descripciones corresponden a un único insecto. Assman incluye esta especie en la tribu Perigonini, mientras que Salgado y Ortuño la clasificaron en la tribu Platynini. Sin embargo, Assmann utilizó para su caracterización un único ejemplar macho. Salgado y Ortuño estudiaron tres ejemplares, machos y hembras, de modo que su descripción es más completa. Otros especialistas consideran más plausible la pertenencia de la especie a la tribu Platynini, puesto que la distribución geográfica de los Perigonini hace menos probable su presencia de forma natural en la Península Ibérica

Diseño del G. caurelensis por Xan G. Muras
El especial interés científico del Galaicodytes caurelensis reside en su carácter de especie relicta y de testimonio viviente de las antiguas condiciones biogeográficas. Es la única especie cavernícola conocida de la tribu Platynini en la región paleártica occidental. Las demás especies de esta tribu que viven en el subsuelo fueron descritas en áreas geográficas muy distantes: Japón, Taiwán, Papúa-Nueva Guinea, Hawái, sur de Estados Unidos, México, Guatemala y Venezuela. Según Salgado y Ortuño, el Galaicodytes caurelensis presenta más afinidades morfológicas con las especies norteamericanas de esa tribu —concretamente, las que pertenecen a los géneros Rhadine y Tanystoma— que con las especies de América del Sur y del Pacífico. A su parecer, la especie ibérica y sus parientes lejanos de la región neártica proceden de un ancestro común que se extendió durante el Cretácico Inferior por los actuales territorios de América del Norte y Europa. La presencia de este insecto en las montañas de Galicia, por lo tanto, sería una prueba más de la deriva continental, indicando la existencia de una relación biológica directa entre América del Norte y Europa en tiempos remotos. De acuerdo con esta hipótesis, otras especies del mismo grupo que posiblemente vivieron en el actual territorio europeo se extinguieron a causa de los cambios climáticos de finales del Cenozoico y del Pleistoceno.

   El diseñador gráfico y fotógrafo Xan G. Muras creó un logotipo inspirado en esta rara especie para ser utilizado como símbolo del patrimonio natural de la Sierra del Courel, uno de los territorios de mayor biodiversidad de Galicia. Este emblema es comercializado en camisetas estampadas

  

Galaicodytes caurelensis, uma testemunha da deriva dos continentes na Serra do Courel (Galiza)

Galaicodytes caurelensis
Em 1997, o biólogo José María Salgado, professor da Universidade de Leão, descobriu um inseto de uma espécie desconhecida na Cova do Eixe, uma caverna cárstica da Serra do Courel. A nova espécie foi estudada e classificada com a colaboração de Vicente Ortuño, catedrático da Universidade Autônoma de Madrid e especialista em carábidos. A descoberta foi dada a conhecer em 2000 em um trabalho publicado pelo European Journal of Entomology. A espécie, denominada Galaicodytes caurelensis pelos seus descobridores, constitui também um novo gênero zoológico.
O Galaicodytes caurelensis é um coleóptero de entre 4,5 e 4,7 milímetros de comprimento, desprovido de olhos e de asas, que se orienta com as antenas e vive a maior parte do tempo nas fendas das rochas. Como a maioria dos cárabidos, é um predador que se alimenta de insetos vivos.

Pouco tempo atrás, o entomólogo alemão Thorsten Assmann descobrira na vizinha Serra dos Ancares uma espécie de coleóptero que denominou Galiciotyphlotes weberi, cuja descrição coincide com a do Galaicodytes caurelensis. Acredita-se que as duas descrições correspondem a um único inseto. Assman inclui esta espécie na tribo Perigonini, enquanto Salgado e Ortuño a classificaram na tribo Platynini. Porém, Assmann utilizou para a sua caraterização um único exemplar macho. Salgado e Ortuño estudaram três exemplares, machos e fêmeas, de modo que a sua descrição é mais completa. Outros especialistas consideram mais plausível a pertença da espécie à tribo Platynini, pois a distribuição geográfica dos Perigonini torna menos provável a sua presença de forma natural na Península Ibérica

Desenho do G. caurelensis por Xan G. Muras
O especial interesse científico do Galaicodytes caurelensis reside no seu caráter de espécie relicta e de testemunho vivente das antigas condições biogeográficas. É a única espécie cavernícola conhecida da tribo Platynini na região paleártica ocidental. As outras espécies desta tribo que vivem no subsolo foram descritas em áreas geográficas muito distantes: Japão, Taiwan, Papua-Nova Guiné, Havaí, sul dos Estados Unidos, México, Guatemala e Venezuela. Segundo Salgado e Ortuño, o Galaicodytes caurelensis apresenta mais afinidades morfológicas com as espécies norte-americanas dessa tribo —concretamente, as que pertencem aos gêneros Rhadine e Tanystoma— do que com as espécies da América do Sul e do Pacífico. Ao seu juízo, a espécie ibérica e os seus parentes longínquos da região neoártica procedem de um ancestro comum que se estendeu durante o Cretáceo Inferior pelos atuais territórios da América do Norte e a Europa. A presença deste inseto nas montanhas da Galiza, portanto, seria mais uma prova da deriva continental, indicando a existência de uma relação biológica direta entre a América do Norte e a Europa em tempos remotos. De acordo com esta hipótese, outras espécies do mesmo grupo que possivelmente viveram no atual território europeu extinguiram-se devido às mudanças climáticas de finais do Cenozoico e do Pleistoceno.

   O designer gráfico e fotógrafo Xan G. Muras criou um desenho inspirado nesta rara espécie para ser utilizado como símbolo do património natural da Serra do Courel, um dos territórios de maior biodiversidade da Galiza. Este emblema é comercializado em camisetas estampadas