Mostrando postagens com marcador tradução. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tradução. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A arte da guerra, primeira edição em língua galega de uma obra clássica da cultura chinesa

Em 2013, a editora Teófilo Edicións publicou a primera edição completa em língua galega de A arte da guerra (孫子兵法) uma das mais célebres obras da cultura clássica chinesa. A tradução foi realizada por Xulio Ríos, diretor do Instituto Galego de Análise e Documentação Internacional (IGADI), com a supervisão de Yan Linchang, Hu Min, Ánxelo Gonzalves Vicente, Wei Ling e Zhu Wenjun. Trata-se de uma edição bilingue que inclui também o texto original chinês atribuído a Sun Tzu (孙武 ou 孫武, Sūn Wǔ em pinyin, grafado nesta tradução como Sun Zi), considerado como o tratado de estratégia militar mais antigo do mundo. A obra parece ter sido escrita no século V a.C., durante o Período dos Reinos Combatentes.



 A arte da  guerra começou a ser traduzida para as línguas ocidentais a partir do século XVIII, mas as primeiras versões tidas por fidedignas datam do século XX. Desde 1995 existe uma edição em português, publicada originalmente no Brasil por Caio Fernando Abreu e Miriam Paglia. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Contos populares da Irlanda em tradução galega

Tris Tram, uma pequena editora com sede em Lugo (Galiza), publicou em 1999 Contos populares irlandeses, uma edição em galego das histórias tradicionais compiladas em 1892 por Joseph Jacobs em seu livro Celtic Fairy Tales
 O livro de Jacobs contém 26 contos recolhidos por vários folcloristas entre as populações de língua gaélica da Irlanda e da Escócia. O livro editado por Tris Tram contém catorze contos de origem irlandesa: Connla and the Fairy Maiden [Connla e a fada], Guleesh, The Field of Boliauns [A leira dos nabos], The Horned Women [As mulheres dos cornos], Hudden and Dudden and Donald O'Neary [Hudden, Dudden e Donald O'Neary], The Story of Deirdre [A história de Deirdre], Munachar and Manachar [Munachar e Manachar], King O'Toole and his Goose [O rei O'Toole e o seu ganso], Jack and his Comrades [Jack e os seus camaradas], The Shee An Gannon and the Gruagach Gaire [Shee An Gannon e Gruagach Gaire], A Legend of Knockmany [Uma lenda de Knockmany], Fair, Brown, and Trembling [Bela, parda e tremente], Jack ans his Master [Jack e o seu amo] e The Story-Teller at Fault [O contador de histórias ao que não lhe ocorria nada].  

Tram Tris também publicou em 1996 o livro Contos celtas, uma antologia de contos populares da Irlanda, da Escócia, do País de Gales, da Ilha de Man, da Ilha de Wight e da Bretanha. Este volume inclui os contos irlandeses Fior Usga e The Spirit Horse [O cavalo encantado], de Thomas Crofton Croker (do livro Fairy Legends and Traditions of the South of Ireland, 1825-27), e The Soul Cages [As gaiolas de almas], de Thomas Keightley (do livro The Fairy Mythology, 1850-1870).


Contos populares irlandeses. Joseph Jacobs. Tradução da Equipa Tris Tram (Editorial Tris Tram, Lugo 1999. ISBN: 84-89377-22-7)
Contos celtas. VV.AA. Tradução da Equipa Tris Tram (Editorial Tris Tram, Lugo 1996. ISBN: 84-89377-03-0)

terça-feira, 23 de abril de 2013

«Flores e lenha», narrativa chinesa em língua galega

Capa da edição original de Flores e lenha

Temos que aceitar que a China é um mundo diferente, e cada dia sabe melhor que assim é quem dela se ocupa, mas não temos por que renunciar a perguntar-lhe o que à Humanidade lhe preocupa.

Com esta premissa, o escritor e tradutor Fernando Pérez-Barreiro Nolla deu ao prelo em 1982 o volume Flores e lenha, a primeira antologia de narrativa contemporânea chinesa publicada em língua galega. O livro recolhe contos de sete autores do século XX traduzidos diretamente do chinês: Lu Xun (鲁迅), Ba Jin (巴金), Lao She (舒庆春), Zhao Shuli (赵树理), Hao Ran (浩然 ), Lu Xinhua (吕新华) e Lu Jun Chao (陆俊超). O título da coletânea foi tirado de uma frase escrita por Mao Zedong em 1942: «A necessidade primordial não são mais flores no brocado mas lenha em meio da nevada». A obra não pretende apenas mostrar um panorama da literatura chinesa moderna. «A seleção dos autores responde a uma combinação de mérito literário e representatividade», diz a esse respeito o antólogo e tradutor. Os textos também foram escolhidos com o intuito de apresentar uma visão plural da  história recente da China através dos olhos dos seus escritores.


Cada uma das narrativas reunidas em Flores e lenha é precedida de um prefácio em que o autor da antologia apresenta uma breve biografia dos respetivos autores, uma introdução geral à sua obra e algumas considerações sobre o seu papel na literatura chinesa e a sua relação com os acontecimentos sociais e políticos da época em que viveram. O período histórico refletido neste conjunto de textos vai dos últimos anos do Império Chinês até o governo de Hua Guofeng, isto é, a própria época em que foi editada a antologia. O livro inclúi o célebre conto Cicatrizes, publicado por Lu Xinhua em 1978, que deu nome à chamada literatura das cicatrizes (伤痕文学), um gênero de ficção caraterizado por criticar abertamente as atrocidades cometidas durante a então muito recente Revolução Cultural. A antologia encerra-se com a que possivelmente é a primeira tradução para uma língua ocidental do conto de Lu Jun Chao Encontro em Antuérpia, aparecido em 1981.

Fernando Pérez-Barreiro Nolla (1931-2010)

 Fernando Pérez-Barreiro Nolla, nascido em Ferrol em 1931 e falecido em Lancaster (Reino Unido) em 2010, residiu durante grande parte da sua vida em Londres, onde trabalhou para os serviços exteriores da BBC. Conhecedor de uma dúzia de idiomas, tradutor de Shakespeare e Lewis Carroll para o galego, foi por um tempo o único cidadão espanhol com estudos superiores de língua e literatura chinesas. Cinco anos antes do seu passamento publicou Breviário do pensamento clássico chinês, uma antologia de textos de várias épocas a cuja introdução pertencem estas palavras:

Falou-se muito, há alguns anos, dos «valores confucianos» para explicar o êxito das práticas capitalistas dos países, então tão louvados, a que se chamavam «tigres asiáticos». Posso imaginar a surpresa dos pensadores chineses que encetaram os caminhos da modernização e do progresso por fins do século XIX e inícios do XX, se ouvissem defender como modernos e progressistas esses valores, alvo de suas demolidoras críticas. Libertar-se da herança confuciana era para eles o sine qua non do avanço, e mesmo da sobrevivência. Pode ser que exagerassem, mas o que eu quero salientar aqui é que eles reagiam contra a versão oficial da cultura chinesa. Os que hoje gabam os valores confucianos aceitam, no entanto, a versão de que esses valores são consubstanciais com a cultura do Império do Centro.