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sábado, 8 de junho de 2013

Morcegos da Galiza, um projeto de estudo e conservação dos quirópteros do noroeste ibérico

Morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros)
 Em 2008, a associação conservacionista Drosera —criada na cidade de Lugo quatro anos atrás— pôs em andamento o programa Morcegos da Galiza, cuja finalidade é desenvolver pesquisas científicas sobre as populações de quirópteros do noroeste da Península Ibérica, promover iniciativas para a conservação destas espécies e levar a efeito campanhas de divulgação e sensibilização social acerca da sua importância ambiental, lutando contra os preconceitos e falsas crenças que os envolvem. O programa compreende a realização do Atlas de Morcegos da Galiza, o censo mais completo e atualizado das diferentes espécies de quirópteros presentes no território galego. Os pesquisadores de Drosera, com o apoio de observadores voluntários, catalogaram até hoje 24 espécies de morcegos nesta área geográfica. Dentro do mesmo programa começou a se celebrar na Galiza a Noite Europeia dos Morcegos, um evento internacional que compreende numerosas atividades de divulgação e sensibilização ambiental.




No programa Morcegos da Galiza ocupa um importante espaço o Projeto Hippos, centrado nas pesquisas sobre o morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros), um dos quirópteros mais ameaçados da Europa, cujo declínio parece dever-se principalmente à  transformação dos habitats, o uso generalizado de pesticidas e o desaparecimento de abrigos. A espécie extinguiu-se há pouco tempo na Bélgica e na Holanda, e suas populações viram-se reduzidas na Alemanha, na Suíça e na Itália. Na Galiza é ainda uma espécie comum, largamente distribuída pelo território. Porém, a falta de dados históricos sobre a evolução das populações galegas impede de avaliar corretamente sua situação atual.

sexta-feira, 8 de março de 2013

«Tempo», imagens de um ano inteiro na vida da Serra do Courel



  
   

     Em 23 de novembro de 2012 veio ao mundo Clara, o primeiro bebê nascido na aldeia de Froxán (Serra do Courel, Galiza) em 28 anos. Por esses dias começou a rodagem de Tempo, um documentário do fotógrafo e realizador audiovisual Manuel Valcárcel que continuará a ser filmado durante os próximos meses. O primeiro ano de vida da criança é o fio condutor do filme, que pretende recolher tudo quanto vai acontecendo no seu entorno mais próximo. O processo de produção poderia concluir no verão de 2014. Mas uma parte do trabalho feito até agora pode ser vista no site www.tempodocumental.com, inaugurado em 7 de março. O que se oferece no site é um teaser que condensa as imagens gravadas durante o primeiro trimestre de filmagem. Nos próximos meses irão sendo publicados outros resumos à medida que o projecto for avançando.
       
    Segundo o diretor, o eixo argumental de Tempo é o contraste entre a vida e a morte: «De um lado está a menina, que representa a vida que começa e que é como um símbolo de esperança e de futuro, e do outro lado está a parte da morte, ou seja, o envelhecimento e a despopulação do mundo rural e a degradação ambiental que sofre este território». E como testemunha de todos estes processos, o mundo natural da Serra do Courel, que ocupará um importante espaço na história.
    
     Valcárcel aponta por outro lado que o documentário não conterá explicações nem entrevistas, pois pretende que as imagens falem por si mesmas: «Não quis fazer uma denúncia direta dos problemas do mundo rural, mas mostrar as pessoas na a sua vida cotidiana e o mundo em que vivem, sem acrescentar nenhum comentário da nossa parte. Haverá conversas, mas serão as que mantêm os moradores entre si, as conversas que se podem ouvir num dia qualquer».


    O diretor do filme espera que Tempo seja compreensível para espectadores de qualquer país e qualquer ambiente cultural, «porque o que se vai ver são coisas que acontecem em todo o mundo, embora a paisagem e alguns detalhes sejam diferentes». Tal como foi concebido o projeto, o processo de filmagem dependerá muito do que for acontecendo nos próximos meses neste território, pois os autores querem refletir tudo quanto condiciona a vida diária de seus habitantes. «Já temos previsto rodar algumas coisas, mas outras são totalmente fortuítas e não dependem de nós, como as nevadas, que neste inverno foram muito intensas na serra», diz Valcarce. Ou como o temporal Gong, que em janeiro passado provocou um desabamento de terras e cortou durante quase 24 horas a principal estrada do Courel, um episódio que também aparecerá no filme.


   A captura de imagens é feita com uma câmera reflex digital. Na filmagem utiliza-se também um ortocóptero fornecido pela empresa Aeromedia que recolhe a vista de pássaro as espetaculares paisagens do Courel. Os autores recorrem ao time-lapse para mostrar as mudanças que experimenta o meio natural da serra ao longo das estações e servem-se com frequência do travelling para acentuar a sensação de movimento e conseguir que «as paisagens não sejam uma coleção de fotografias». A equipe técnica reduz-se ao próprio diretor, a assistente de direção Sara Álvarez, o ténico de som Alejandro García e Alejandro González, que compõe a trilha sonora, mas contam com o apoio de diversos parceiros.


  Publicado originalmente em La Voz de Galicia, 7 de março de 2013